José Rui Gomes, antigo aluno da Universidade Portucalense, foi eleito Presidente da APBI
José Rui Gomes, antigo aluno da Universidade Portucalense, foi eleito Presidente da Associação Portuguesa de Business Intelligence (BI). Parabéns!
Esta é uma associação sem fins lucrativos que visa a promoção das boas práticas nas áreas de BI e Big Data em Portugal.
👉 Saibam mais aqui: https://www.apbi.pt
#bi #businessintelligence #bigdata #portugal #associação
“O desenvolvimento tecnológico não pode ser travado”
Em 1994, José Rui Gomes era caloiro da licenciatura de Informática/Matemáticas Aplicadas. Vinte e seis anos depois, conta com uma carreira de sucesso e tornou-se recentemente Presidente da Associação Portuguesa de Business Intelligence (BI). Admirador de Steve Jobs “pela simplicidade, determinação, paixão e gosto por desafios”, considera que “a inovação distingue um líder de um seguidor” e que “a única maneira de fazer um trabalho extraordinário é amar aquilo que se faz”.
Quais as razões que o levaram a escolher Informática/Matemáticas Aplicadas?
A escolha do curso surgiu com naturalidade, não foi uma decisão complexa. Desde criança sentia um grande fascínio por livros e filmes futuristas e de ficção científica. As máquinas, e muito particularmente os computadores, sempre foram uma atração; desconstruía e voltava a construir tudo que apanhava, às vezes sobravam peças, nem sempre corria bem, mas nunca desistia. Assim, quando chegou a altura, foi com toda a convicção que optei por um curso que me dava oportunidade de seguir as minhas paixões e que, dada a crescente procura por profissionais da área, garantia ótimas oportunidades profissionais.
Na altura, qual era a sua profissão de sonho?
Não tinha propriamente uma profissão de sonho, talvez mais um conceito: sabia que queria ter uma carreira de sucesso na área das ciências da computação, mas, para mim, também era importante sentir que estava a dar um contributo para a sociedade. Sempre achei que as novas tecnologias podiam ser um fator decisivo nas mais diversas áreas como a saúde, ambiente, educação, economia, qualidade de vida e até no combate das desigualdades sociais. Para mim, era importante abraçar projetos com foco nestas vertentes e não apenas no lucro.
Quais as principais recordações que guarda da vida académica?
Não diria que foram os melhores anos da minha vida, mas foram sem dúvida tempos muito felizes e despreocupados. Há sem dúvida aprendizagens que ficam para a vida como o companheirismo e a entreajuda. Ainda hoje mantenho grandes amizades com antigos colegas de curso.
Recorda-se do primeiro dia na Universidade?
Quem não? Lembro-me muito bem do entusiasmo e da expectativa que sentia nesse dia, e, devo dizer, que em nenhum momento da minha vida académica me senti defraudado. A Universidade, o curso e a vida académica proporcionaram-me experiências e oportunidades fantásticas. Este foi um ciclo essencial para a minha vida, transformando-me na pessoa e no profissional que hoje sou.
Quais foram os principais ensinamentos que o curso lhe deu?
Poderia estar aqui a enumerar um conjunto de saberes basilares e essenciais para qualquer profissional de Tecnologias de Informação (TI), mas, apesar de importantíssimos, esses conhecimentos não foram o principal ensinamento que recebi. Um curso superior deve sobretudo criar profissionais autónomos, capazes de procurar o conhecimento, estudar e aprender muito para além dos anos da licenciatura. As tecnologias, as linguagens de programação, as máquinas estão em constante e rápida evolução. Os excelentes professores que tive incutiram-me a importância da curiosidade, da vontade de aprender, da ambição positiva e de procurar sempre mais: tecnologias de vanguarda, soluções audaciosas para problemas antigos, novos problemas, e isso é o ensinamento mais valioso que se pode adquirir.
Após a licenciatura, como decorreu o seu percurso profissional?
Mesmo antes de terminar a licenciatura começaram a aparecer oportunidades aliciantes. Optei por me tornar “Developer” na CTRL. Em 2002 fui convidado para Gestor de Informática do Departamento de Eletrónica Industrial da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, cargo que exerço até hoje. Em paralelo comecei a exercer atividades de gestão de projetos, docência e formação. Continuo a dedicar-me pontualmente a atividades de formação e docência, bem como de orientação e mentoria. Sou também fundador e CEO da GLanDrive, uma empresa focada no desenvolvimento de soluções tecnológicas para pequenas e médias empresas.
No seu entender, quais as características que considera essenciais para vencer no atual mercado de trabalho competitivo e global?
No mundo atual, extremamente competitivo, já não é possível gerir negócios com base na intuição: o conhecimento dos factos é crucial para o sucesso das empresas. Assim, a procura por profissionais de TI, “Data Scientists”, “Data Analysts” tem crescido exponencialmente. O principal objetivo de um bom profissional desta área é dotar os empresários de um novo poder - o poder do conhecimento. Mas, para isso, não basta ter excelentes conhecimentos a nível tecnológico. É fundamental saber trabalhar em equipas multiculturais, com pessoas dos mais variados “backgrounds”. Os melhores profissionais de TI são aqueles que não se refugiam em termos técnicos, os que traduzem os “chavões” e os tornam compreensíveis para os gestores e profissionais de diferentes áreas, e, devo dizer, esta é uma qualidade difícil de encontrar. Há que ser flexível, há que perceber que nem sempre a solução mais interessante a nível tecnológico é a mais conveniente para a empresa, há que saber colocar-se no papel de quem vai utilizar as soluções desenvolvidas. Depois há o trabalho de aprendizagem e atualização constante. A verdade é uma, embora possa parecer um pouco dura: o desenvolvimento tecnológico não pode ser travado e quem não evoluir, será irremediavelmente ultrapassado pelos concorrentes. Isto é válido quer para as empresas e instituições, quer para os profissionais da área.
Recentemente abraçou o desafio de presidir à APBI. Quais as motivações que estão na base da liderança desta Associação?
A APBI foi constituída com o intuito de estabelecer um canal aberto e neutro, através do qual profissionais de “Business Intelligence” e “Big Data”, empresários, reguladores, académicos e responsáveis do setor público e governamental podem debater e resolver problemas comuns, visando a democratização das tecnologias de informação. Sendo uma associação sem fins lucrativos, procura ser a ponte entre os profissionais e o público em geral, esclarecendo dúvidas, traduzindo conceitos técnicos para linguagem acessível e fornecendo uma plataforma valiosa para a constituição de redes de contactos, geração de oportunidades e trocas de conhecimentos, de modo a valorizar a capitalização e valor dos seus ativos. A presidência da APBI é, para mim, uma oportunidade de promover uma área que me apaixona e contribuir para o progresso do nosso país. A componente de apoio a estudantes e investigadores também é um fator que me entusiasma muitíssimo, já que constitui uma oportunidade de adquirir novos conhecimentos e de encontrar novos profissionais promissores.
Quais os desafios e as oportunidades que se colocam ao BI a curto e médio prazo?
As tendências tecnológicas em rápida evolução, como “machine learning” e “cloud storage management”, terão grandes impacto nas soluções de BI, bem como a tendência para a democratização do acesso a estas tecnologias. O BI convencional será substituído por um serviço que deteta automaticamente os dados relevantes e interessantes, através da conjugação de técnicas de “machine learning” e de inteligência artificial. Por outro lado, os utilizadores procuram, cada vez mais, soluções de “self-service BI”. Num futuro a curto prazo, qualquer pessoa, independentemente da sua capacidade técnica, poderá utilizar confortavelmente o BI. A forma de armazenamento dos dados também irá mudar a curto prazo. A ascensão do “Big Data” e a mudança para tecnologias móveis, conduzirão, inevitavelmente ao “cloud storage". A incrível escalabilidade e o baixo custo do “cloud storage” associado ao aumento da velocidade das comunicações com o 5G, são perfeitamente adequados aos desafios impostos. Este panorama aporta também uma realidade, ou seja, a escassez que ainda existe ao nível de profissionais relacionados com “Big Data” e Gestão de Informação, face às necessidades do universo empresarial.
Um conselho que queira deixar aos estudantes das áreas da Tecnologia e da Gestão.
Como diz a célebre frase: “If you can dream it, you can do it”. Por isso trabalhem, aprendam, errem, tentem de novo, sejam ousados, atualizem-se, adaptem-se e sejam flexíveis. Recordem, também, que não é possível ser um profissional de Tecnologia e Gestão de excelência fechado entre servidores, chavões e termos técnicos. Falem com os profissionais de outras áreas, escutem quem compreende o negócio e tornem-se um elemento chave para o sucesso da organização.